segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

III


O meu sono foi abruptamente interrompido pelo som estridente da campainha, fazendo-me rebolar na cama e abrir os olhos lentamente à medida que eles se habituavam à claridade. Sentia-me exausta, provavelmente por não fazer nada ao que eu considerava ser uma eternidade – tendo em conta o último ano todo preenchido com trabalhos e tentei ignorar a campainha, aconchegando-me nos lençóis, com Sasha do meu lado. Fechei os olhos, tentando voltar a dormir mas a campainha voltou a tocar e a minha irritação foi tanta naquele momento, que me levantei apressadamente, ajeitando a minha camisa de dormir azul clara de cetim e dirigi-me o mais rápido que pude à porta, abrindo-a sem sequer perguntar quem era. Imaginem qual foi o meu espanto quando vi John prostrado à minha frente, apoiado na ombreira da porta, devidamente arranjado e emanando um cheiro irresistível.

- Hmm, acordei-a? – A voz dele denotou alguma preocupação com o meu estado lastimável, pois ainda nem sequer tinha lavado a cara ou penteado o cabelo e deveria parecer uma bruxa naquele momento.

Escancarei a porta, fazendo-lhe sinal para que entrasse.

- Naaa! – Disse, ironicamente, ao mesmo tempo que olhava para o relógio e constatava que ainda eram 9h30 da manhã.

Ele entrou, pé ante pé, contemplando o espaço à sua volta. Pela sua atenção, pude deduzir que o seu apartamento em nada tinha a ver com o meu.
Sasha desceu as escadas, de forma graciosa e colocou-se diante de John, que rapidamente lhe fez umas festas doces na barriga. Olhei para ele a mimá-la enquanto reunia as coisas necessárias para tomar o pequeno-almoço e fiquei curiosa em relação à sua mudança de atitude da noite passada para hoje. Tentei encontrar os porquês dessa mudança na minha cabeça e o que fez mais lógica foi talvez o facto de o ter ignorado da única vez que ele tentou falar comigo. Senti-me orgulhosa de mim própria ao perceber que a indiferença até era uma grande arma, desde que usada com moderação. Quem não concorda com isso, claramente nunca tentou.

- Então, o que te traz por aqui tão cedo? – Sentei-me na bancada, com a taça de cereais Fitness à minha frente – Não te importas que te trate por tu, pois não? – Achei indelicado trata-lo mais informalmente, tendo em conta que ele me tinha tratado sempre por você, mas, mediante as nossas idades, achei ainda mais indelicado tratarmo-nos com tamanha formalidade.

- À vontade – Ele deixou Sasha e aproximou-se da cozinha, ajeitando as calças de fato treino durante a trajectória. Um alívio apoderou-se de mim… Aquela tensão de ontem já tinha desaparecido – O se… TEU pai – Ele sorriu, divertido, fazendo-me interromper o meu pequeno-almoço para soltar uma pequena gargalhada – Ele disse-me para vir aqui e levar-te a correr.

- Agora? – Voltei a olhar para o relógio, apesar de já saber as horas – Mas eu tenho ginásio amanhã.

- Pois, mas ele acha que tu não andas a fazer exercício suficiente…

- Ai é? – Engoli a última colherada de cereais e coloquei a taça dentro do lava-loiça. Senti-me magoada naquela altura pela falta de confiança que o meu pai estava a demonstrar em mim mas isso só me deu mais vontade para provar que ele estava errado – Ok, vamos lá a isso. Vou só vestir o meu fato de treino. Volto já.
**

Corremos sempre na mesma velocidade, durante cerca de meia hora, nos quatro quilómetros que separavam o nosso prédio do Central Park. Eu já estava habituada a corridas do género, pois fazia-o sempre com Garrett, o meu instrutor e foi com surpresa que notei que John aguentou muito bem aquele percurso, o que me fez pensar se ele iria ao ginásio frequentemente. Fui a ouvir música durante todo o percurso e só quando parámos para descansar é que tirei os auriculares dos ouvidos. Andámos à volta do parque, quase deserto àquela hora da manhã, antes de nos sentarmos num banco de jardim virado para o lago, coberto em toda a sua extensão por patos e cisnes.

- Costumas fazer isto muitas vezes? – Tentei meter conversa para não voltarmos a cair no silêncio.

- Não, mas estou habituado a fazer exercício físico.

Anuí, na esperança de que ele falasse mais alguma coisa, mas ele manteve o olhar fixado no lago e não disse mais nada. Ficámos assim durante uns instantes, instantes esses que nunca mais pareciam passar e eu só desejava levantar-me dali e fazer o caminho de volta para trás, a ouvir a minha música, sem me preocupar com mais nada.

- Estive no exército uns meses – Inesperadamente, ele continuou a conversa que eu achei já ter terminado – Depois desisti.

Ele riu-se, como que se martirizando por o ter feito. Foi um riso sôfrego, muito dissipado, que me fez reflectir sobre os motivos que o terão levado a abandonar o exército, pois ele pareceu bastante arrependido de o ter feito. Esperava que ele respondesse à minha pergunta interior, mas ele não o fez, preferindo baixar a cabeça, perdido em pensamentos. No entanto, não era o único, pois também eu pensava agora na escolha dele para meu segurança. Quando o vi pela primeira vez pensei que nos íamos dar bem, pois eu normalmente, gostava de me dar bem com as pessoas, gostava que elas se sentissem à vontade comigo pois eu fazia sempre os possíveis para isso. Com John, a situação era diferente. Parecia-me que ele estava ali quase como obrigado, fazendo um sacrifício enorme por se relacionar comigo mas sabia que a nossa relação nunca ia ser desenvolvida, nunca passaria da tentativa de conversa falhada. Se calhar os nossos feitios eram demasiados incompatíveis ou se calhar, aquela não era a sua verdadeira vocação, aquilo que ele realmente queria fazer da vida.

- Não gostas muito de fazer isto, pois não? – Perguntei, receosa de que aquela pergunta o afectasse mas mesmo assim decidi tentar.

- Ser segurança? Não – Ele abanou a cabeça – Não gosto de viver neste meio cheio de gente fútil e superficial, que só joga por interesse e pelo seu próprio bem-estar.

Ausch! Esta tinha sido forte e mesmo que eu tivesse plena consciência de que não era fútil nem superficial, nem nada daquilo que ele tinha dito, aquele comentário tinha acertado em cheio no meu orgulho.

- Bem, vamos? – Levantei-me, colocando os auriculares novamente no ouvido e pondo a música com um volume ainda mais alto.

Fizemos o caminho de regresso entre corridas e paragens, eu principalmente, que não me sentia na disposição de correr. Quando chegámos, eu tomei o elevador e ele as escadas e acabei por entrar em casa sem o voltar a ver. Chamei por Sasha, mas ela não deu qualquer sinal e um bilhete em cima da mesa dizia o seguinte: “Fui passear a Sasha. Levo-a para o escritório. De: pai”. Relaxei, pois já não tinha de a levar a passear. Subi até ao quarto, ainda por arrumar e liguei o computador para verificar o meu e-mail, à espera de ter alguma novidade de Liam ou de Mikki. O que acabou por se verificar, pois tinha um e-mail dos dois.

De: Mikki
Assunto: Miss you
Conteúdo: Hello darling. Como estás? Por aqui está tudo na mesma, como sempre. Vou começar a trabalhar como assistente dentária, até conseguir algo melhor. E tu? Por favor diz-me que tens boas notícias e que ganhaste alguma coisa! Se não tiveres boas notícias, por favor dá-me novidades. Tenho muitas saudades tuas.
Mikki

De: Liam
Assunto: …
Conteúdo: Olá maninha, como estás? Tenho uma óptima notícia para te dar. Consegui arranjar um voo para aí para a semana! Tentei convencer a mãe e vir comigo mas ela vai ter com o namorado misterioso a Itália. Não fiques triste, sabes como ela é. Como estão as coisas aí? O pai tem facilitado? Vai dando notícias. Adoro-te.
Liam

Escrevi um e-mail para os dois, onde lhes contei que não ganhei o prémio e que apesar de ter ficado desiludida, não há que desanimar, pois prémios há muitos. Contei-lhes do meu novo segurança e de como estava a ser difícil lidar com a personalidade dele, que era o que mais de incompatível havia com a minha – a Mikki contei outros pormenores, como o facto de ele ser bem constituído e muito bonito, o tipo de homem que eu gostava, mas com a desvantagem de ainda não ter demonstrado as qualidades que eu mais gostava num homem (aliás, estava muito longe disso). Para mim, a beleza não é tudo. Contei-lhes que Hugh se tinha despedido e que o meu pai é que ia ficar a tomar conta da minha carreira, o que eu não achei ser o melhor, pois ele era demasiado reservado e clássico e certamente iria ignorar muitos trabalhos mais arrojados mas que me dariam mais visibilidade. Mas mostrei-lhes que estava esperançosa que um novo manager fosse aparecer o mais cedo possível. A Liam, mostrei-me triste pelo facto de a mãe não poder vir e ainda mais pelo facto de ela me trocar pelo namorado mais novo que vivia em Itália. Mas, vindo da minha mãe, aquilo era a coisa mais normal do mundo.

Depois de lhes enviar os e-mails, tomei um banho relaxante e preparei-me para ir almoçar com o meu pai, que tinha novidades para mim. Fui até ao meu closet e escolhi uma roupa descontraída mas elegante, que pudesse levar para a entrevista que iria dar à Marie Claire. Optei para um macacão curto, que tinha comprado há uns tempos atrás mas que ainda não tinha vestido. Mas como o tempo estava quente, achei o momento indicado para o vestir. Estiquei o cabelo e elaborei à pressa e sem muitos cuidados, uma trança francesa, um in da moda na actualidade e que eu até gostava, apesar de não aguentar muito tempo com ela, pois prendia-me o cabelo e eu gostava de andar com ele ao natural, sem ter de me preocupar com ajeites e tudo o mais.
Saí de casa quase em cima da hora marcada para o almoço e o meu pai detestava que eu me atrasasse, como tal, tinha mesmo de me despachar. Desci até à garagem, entrando imediatamente no meu carro e saí para a rua, que para meu inferno, estava coberta com dezenas de jornalistas. O meu olhar ficou ofuscado com os flashes que dispararam incessantemente assim que avistaram o meu carro. Apitei dezenas de vezes para que eles saíssem do meu caminho, mas quanto mais apitava mais eles se amontoavam e se encostavam ao carro, quase colando as máquinas fotográficas no vidro. Fiz uma investida, ameaçando arrancar sem me preocupar com quem estivesse à minha frente mas eles não se deixaram intimidar e continuaram a aproximar-se, agora batendo nos vidros e fazendo sinal para que o descesse, para poderem fazer-me algumas perguntas. Abanei a cabeça, em sinal de recusa, mas parecia que quanto mais lutava, pior eles faziam e mais insistentes ficavam. “Agora é que o John fazia aqui falta”, pensei, desejando que ele aparecesse e os afastasse. Continuei a apitar mas isso revelou-se infrutífero e então, farta de estar ali a ouvir pancadas e murros contra o vidro, investi mesmo para a frente, arrancando com o carro e fazendo com que eles, finalmente, se desviassem e me cedessem a passagem. Assim que me vi livre daquela azáfama, liguei para o meu pai.

- Estou, pai? Você não faz ideia do monte de jornalistas que estão amontoados ao pé da garagem do prédio! Foi um castigo para conseguir sair.

Ele mostrou-se indignado.

- O que é que eles querem? Só espero que não comecem a dizer que estás mal por causa de não teres recebido o prémio!

- É óbvio que eles vão dizer isso, pai. Sabe como eles são mesquinhos. Mas isto já é demais, já estão a levar as coisas ao limite – Lamentei-me, na esperança de que ele pudesse tomar alguma medida que impedisse aquilo de continuar.

- Tens de te habituar…

Respirei fundo, chateada por ele estar sempre com meias palavras que não resolviam nada. O meu pai era uma pessoa muito passiva, muito cautelosa e essas eram outras das razões por que não o achava indicado para meu manager.

- Olha, já agora… - Ele continuou a falar – Tenho uma reunião com a Anne Wintour às duas horas. Ela quer discutir os termos para te ter no catálogo exclusivo que ela vai preparar para o Tom Ford…

- A sério?? – Não consegui conter o meu entusiasmo. De todos os grandes estilistas e produtores de moda, Anne era das únicas com quem ainda não tinha trabalhado, mas que ansiava desesperadamente por fazê-lo, tendo em conta o seu repertório.

- Sim. E por isso não vou poder ir almoçar contigo, filha. Mas falei com o John e ele disponibilizou-se para te levar a almoçar.

“O QUÊ?”, pensei, quase explodindo de frustração. Era só o que mais me faltava agora. Mas não queria ser indelicada e então mostrei-me apta para almoçar com ele, sem quaisquer problemas. Não queria que o meu pai soubesse da tensão existente entre nós e acima de tudo não queria que John perdesse o emprego, pois assim que o meu pai soubesse, ele trataria logo de arranjar um novo segurança.
**

Depois de falar com o meu pai sobre a entrevista com a Marie Claire e a promoção do perfume de Vera Wang, ao qual eu dava a cara e que se iria realizar dentro de uns dias na loja da marca no centro da 5º Avenida, esperei por John no escritório mais de uma hora mas ele continuava sem aparecer. Comecei a desesperar, pois estava com fome e a entrevista estava marcada para as quatro e meia, sendo que tinha de estar lá uma hora antes para ultimar os preparativos para a sessão fotográfica.
Esperei mais meia hora mas depois desisti e peguei em Sasha, levando-a ao colo até ao carro. Agora era oficial: John tinha-me dado uma tampa. A situação até me deixou divertida mas não seria tão divertida do ponto de vista da ética profissional. A sorte dele é que eu não planeava contar nada ao meu pai mas não iria admitir mais deslizes daqueles. Percebi, nesse momento, que ele não tinha simpatizado mesmo nada com a minha pessoa e isso deixou-me triste, pois esforçava-me sempre ao máximo para agradar a todos mesmo sabendo que isso não era possível.
Foi com grande alívio que, ao dobrar a esquina do meu prédio, percebi que os jornalistas já não estavam lá. Entrei e estacionei o carro no sítio do costume, engendrando na minha cabeça mil e uma refeições que podia cozinhar para o almoço. Saí do carro, certificando-me de que tudo estava arrumado e dirigi-me à porta de acesso ao interior do prédio, quando ouvi uma voz já conhecida.

- Maria! – John parecia-me ofegante, aparecendo numa grande correria do lado de lá da garagem, saído da porta dos fundos – Maria, espera, por favor.

Estanquei onde estava, rodando sobre mim e ficando de frente para ele, que se aproximava a passos largos, abrandando e tentando acalmar a sua respiração ofegante.

- Maria… - Ele parou a cerca de um metro de mim, tentando recompor-se – Peço imensa desculpa!

- Ouve… - Interrompi-o antes que ele começasse com desculpas esfarrapadas e nada sentidas – Não fico chateada John, longe de mim. Só te peço que não voltes a fazê-lo porque isso não é nada profissional da tua parte. E se tu não respeitas as pessoas com quem trabalhas, ao menos respeita o teu trabalho, pois é ele que te dá o dinheiro ao final do mês.

Fui incisiva e decidida naquilo que disse, tentando marcar uma posição e tentando mostrar que ele não me afectava minimamente. No entanto, não achei que aquilo tivesse surtido qualquer efeito, pois quando me virei para continuar o meu caminho, senti uma mão fria envolver o meu braço e dar-me um leve puxão.

- Por favor, Maria. Eu peço imensas desculpas.

Talvez fosse a minha personalidade demasiado ingénua e bondosa, mas eu vi nele um certo arrependimento que me fez pensar que talvez tivesse acontecido algo que o fizesse ter faltado ao seu compromisso.

- Passou-se alguma coisa? – Perguntei, voltando atrás no meu discurso.

- Não… - Ele hesitou e pude reparar que ele estava a escolher muito bem as palavras – Problemas pessoas, só isso.

Apesar de a sua justificação não me ter convencido minimamente, anuí, deixando passar aquele episódio pois não queria sofrer represálias.

- Tudo bem… Podes ficar descansado.

Voltei a virar-lhe as costas mas ele voltou a interpelar-me.

- Eu sei fazer a melhor massa carbonara do Mundo.

De costas para ele, um sorriso delineou-se nos meus lábios. Aquela tentativa de redenção derreteu-me e decidi dar-lhe uma hipótese para emendar o seu erro.
**

- Ok, devo confessar que está boa.

Sentados à mesa, de frente um para o outro, provei a massa que ele tinha feito em tempo recorde e achei deliciosa mas também há que ter em conta a fome com que estava, isto sem querer tirar o mérito ao cozinheiro, apesar de ele não o merecer.

- Só isso? Boa? – Ele sorriu, orgulhoso do seu trabalho, enquanto mastigava o comer.

- Sim, já comi melhores. Não sei se já foste ao Barney’s, na rua paralela com o Times Square… - Ele abanou a cabeça – Devias ir. Eles fazem a melhor comida italiana de Nova Iorque.

- É assim tão boa?

Comi mais uma garfada de esparguete.

- É óptima!

Seguiu-se um momento de silêncio, com ambos a saborearmos a comida, sem pressas e sem tensão. Liguei a televisão para que nos entretecemos com qualquer coisa enquanto almoçávamos. Era meu costume fazer isso durante as refeições e, juntando isso ao facto de nós não conseguirmos manter uma conversa, achei a melhor coisa a fazer. A televisão entrou automaticamente no canal E! Entertainment, um dos meus preferidos, um canal de entretenimento que incide sobretudo na vida das celebridades. Estava a dar um documentário com o título “Mais bem pagas 2011 segundo a lista da Forbes” e, ao lembrar-me do comentário de John de manhã sobre futilidade e superficialidade, preparava-me para mudar o canal, quando ele me interpelou.

- Não! – Larguei o comando, sobressaltada com o seu grito inesperado – És tu, olha!

Na televisão apareceram imagens e filmagens minhas, em campanhas publicitárias para marcas de roupa e para reclames de propaganda, algumas bem atrevidas, com maior destaque para o vídeo que tinha protagonizado há uns meses atrás para a marca de roupa interior, a Intimissimi, onde aparecia em trajes menores. Segundo a Forbes eu estava classificada em quarto lugar na lista de modelos mais bem pagas da actualidade, atrás de Gisele Bundchen – claro! –, Heidi Klum e Alexa Chung, considerada ontem na cerimónia, a modelo revelação do ano. Senti-me envergonhada pela presença de John e pelo facto de ele querer ver aquilo e desviei o olhar da televisão, mastigando mais um pouco daquela massa tão saborosa.

- Eu tenho a capa que fizeste para a revista W!, em casa – Ele encarou-me, sem qualquer pudores por estar a fazer aquela confissão – Acho que foi uma das melhores que já fizeste.

Bebi um gole de água, antes de disparar em todas as direcções, pois aquele momento estava a tornar-se mais embaraçoso do que aquilo que esperava.

- Quem diria que vês revistas minhas, a “…magra, quase esquelética” – Peguei na frase que o tinha ouvido dizer no dia anterior, antes de nos termos conhecido e utilizei-a ironicamente.

- Tu ouviste isso? - Ele riu-se, desavergonhado.

Anuí, mostrando o meu desdém em relação aquele comentário infeliz.

- É verdade – Ele encarou-me directamente, desinibindo-se por completo – Tu és magra! Queres que diga o quê?

Abri a boca num jeito de incredulidade. Não podia crer que ele me estava a dizer aquilo daquela maneira. O meu estado de incredulidade divertiu-o, pois ele esboçou um sorriso que, numa ocasião normal me teria irritado profundamente, mas que, não sei explicar como, naquele momento, me deliciou profundamente. No entanto, não fui capaz de dizer mais nada até ao final da refeição, talvez porque a ocasião não o proporcionou, mas ambos acabámos de comer sem dizer mais nenhuma palavra um ao outro. Levantámos a mesa e depois, inesperadamente, ele disponibilizou-se a levar Sasha a passear, para minha grande surpresa.

- A sério que não te importas? – Perguntei, enquanto lhe colocava a trela.

- Não! - Ele parecia bastante descontraído e mostrou-se bastante disponível para o fazer. Aproveitei esse facto e fiquei em casa até chegar a hora da entrevista, sentada no sofá a ver televisão.

2 comentários:

  1. Bem, comecei agora a ler a tua fic, e até agora gostei bastante! :D
    Tens é de postar mais agora!
    Beijo (:

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  2. Olá Olá Maria!
    Aii que estou a adorar isto, sabes? Está cada vez mais interessante.
    Mais descontraído esse John, hum ?
    Se quiseres posso por o teu blog na minha lista, não me custa nada :P
    Beijinho
    Ana Sousa

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