quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

VI


Os primeiros raios de sol inundaram o meu quarto mostrando o dia solarengo que nascia, majestoso e prepotente, teimando em invadir aquele espaço e ameaçar o meu sono, nada descansado, devido à agitação da noite passada.
Tinha adormecido um pouco depois de John ter saído, aconchegada naquele beijo macio e pronta para uma noite calma e envolvente. No entanto, isso acabou por não acontecer, pois umas horas depois, ele entrou na suite, tentando manter a descrição com passos de lã, mas a verdade, é que o meu sono estava muito leve, pois não me sentia segura sem a presença dele, apesar de saber que estava devidamente protegida. Acabei por despertar, decidida a ir interpela-lo e perguntar como correra a noite com os seus companheiros, pois tudo o que queria era voltar a vê-lo e sentir o seu cheiro arrebatador mas, quando abri um pouco a porta e quando me preparava para caminhar em direcção a ele, deparei-me com a triste realidade de que ele não estava sozinho. Não estava sozinho, nem estava com os seus companheiros do exército, que ele disse que iria visitar, mas sim com uma mulher. Uma mulher loira, de cabelo curto cortado ao estilo cleópatra, alta e muito elegante e parecia-me muito bonita, apesar do escuro da suite não me deixar analisá-la na perfeição. Escondi-me por detrás da parede que separava a sala de estar do meu quarto e durante o tempo em que ela esteve lá em casa, fiquei ali tentando apanhar alguma informação, alguma confirmação das minhas piores suspeitas. Contudo, elas não foram confirmadas pois não vi nenhuma demonstração de carinho entre ambos: ela apenas se sentou no sofá enquanto ele se ausentou, voltando uns minutos depois com um envelope na mão, envelope esse que lhe deu e acompanhou-a até à porta, obstruída do meu ângulo de visão pela parede e como não queria arriscar a ser descoberta nem queria ver algo que me pudesse chocar, voltei para o meu quarto, enrolando-me no calor da minha cama e enterrando a cabeça na almofada, tentando gerir aquilo que tinha acabado de ver com um pouco de desilusão à mistura pois começava a perceber que talvez o poço de boas surpresas fosse, na verdade, um poço de desilusões. O que aconteceu nessa noite foi o mote pelo qual me pretendia guiar, durante o tempo em que permanecesse com ele, de forma a não me deixar levar por instintos menos conservadores e não cair na tentação de me deixar levar pelas suas falsas conversas.
Abri os olhos, nada a custo e espreguicei-me, esfregando os olhos para puder encarar o sol matinal que envolvia o meu quarto. Fui até à minha casa de banho, tomei um duche quente e ao olhar-me ao espelho, preparando-me para aplicar a minha maquilhagem leve, vi que as minhas bochechas, embora continuassem coradas e quentes, poderiam ser disfarçadas com um blush cor-de-rosa nada exagerado e assim poderia camuflar a minha maldita gripe. Enrolei-me numa toalha, depois de pentear o cabelo e deixa-lo secar ao natural e fui até à minha mala, onde tinha as roupas que Olivia tinha mandado e que eu deveria vestir. Tendo em conta o sol que raiava lá fora, tirei de lá uma roupa leve, clara e primaveril, com os seus traços românticos bem evidentes e vesti-a, aplicando depois um pouco de creme hidratante nos braços e nas pernas.
  
Saí do quarto, envergando uma cara séria e nada amigável e avistei a suite limpa e fresca, com as janelas todas abertas, fazendo correr o ar e deixar um cheiro primaveril naquele espaço. Em cima da mesa de jantar, um pequeno-almoço devidamente organizado esperava por mim. Sabia que John estava por detrás daquilo mas deixei o meu orgulho controlar-me e ignorei aquela disposição e toda aquela comida com tão bom aspecto. Fui em direcção ao telefone e marquei o número da recepção, esperando que o motorista estivesse lá e me pudesse levar a um café qualquer na cidade onde pudesse tomar o pequeno-almoço. Quando me atenderam perguntei por alguém que soubesse falar inglês, para facilitar a comunicação e assim que essa pessoa começou o contacto, perguntei imediatamente pelo motorista, dizendo quem era e o que pretendia. No entanto, a resposta não foi a que pretendia.

- Sorry! Mr. Chevallier is not here.

- He is not? – Senti-me esmorecer com a notícia e agora via-me impossibilitada de sair do hotel, a não ser que apanhasse um táxi, o que poderia revelar-se muito arriscado.

O homem do outro lado pediu imensas desculpas, dizendo-me que não sabia onde tinha ido o motorista e oferecendo hipóteses de tomar o pequeno-almoço no hotel. Recusei, amavelmente, desligando a chamada e alardeando, pensando estar sozinha mas assim que me virei deparei-me com John bem atrás de mim.

- Bom dia! – Nos seus lábios surgiu um sorriso perfeitamente alinhado com os seus dentes todos direitos esculpidos num branco quase transparente. Todo ele parecia irradiar felicidade – Deixei o pequeno-almoço na mesa para ti.

O seu sorriso prolongou-se mas não foi correspondido por mim, que mantive a mesma expressão intransponível e séria, como uma estátua.

- Não tenho fome – Circundei-o, indo sentar-me no sofá, tentando engendrar uma solução para sair dali.

Ele percebeu que algo não estava bem já que eu nem sequer me esforcei por não deixar isso transparecer. Sentou-se ao meu lado, adoptando uma postura determinada e muito amigável, nada característico dele.

- O que é que se passa? Continuas doente?

Abanei a cabeça, pegando no comando da televisão e preparando-me para começar a fazer o meu típico zapping pelos canais. No entanto, a mão dele impediu-me de o fazer, arrancando-me sem piedade o aparelho electrónico da mão e atirando-o, sem qualquer tipo de cuidado, para cima da mesa de vidro adornada com um vaso de rosas.

- O que se passa?

Tentei manter o meu olhar fixo no ecrã do televisor sem vida mas ele tentou fixar o seu olhar no meu, tentando, primeiro, pressionar-me a olhar para a sua cara e depois de ver que eu não iria ceder, puxou o meu queixo para si, obrigando-me a encarar aqueles profundos olhos azuis.

- Ficaste assim porque te deixei ontem à noite? – Limitei-me apenas a olha-lo, remetida ao silêncio – Oh vá lá, Maria, tu nem sequer querias um segurança. Era mesmo importante para mim sair ontem. Sei que não foi correcto mas não volta a repetir-se – Ele esperou uma resposta da minha parte que eu não estava disposta a conceder – Fala comigo, fogo!

- Os teus amigos estavam bem? – Dispus-me a entrar no jogo de mentiras dele mas o tom irónico com que formulei a minha pergunta, denunciou-me. Ele olhou-me, surpreendido com a minha perspicácia e um riso abafado saiu da sua boca.

- Como sabes que menti?

Assim que tive oportunidade, desviei o olhar e voltei a fixá-lo no ecrã do televisor. Agora sim, estávamos a entrar num campo delicado e ele estava a fazê-lo de forma demasiado directa para quem tinha errado daquela maneira.

- Eu vi tudo – Tentei disfarçar a minha mágoa e desilusão através de um sorriso forçado – Bonita aquisição!

Ele olhou em frente, parecendo-me perdido em pensamentos ao perceber que o plano lhe tinha saído furado. Não podia compreender o porquê da sua mentira e aquele envelope remoía na minha cabeça desde que tinha sido entregue àquela loira misteriosa. As minhas conclusões levavam-me sempre para o pior cenário mas recusava-me a acreditar que um homem que dizia querer constituir família cedo fosse capaz de ter ido a uma casa de alterne e ter pago por uma noite de prazer. Isso era algo que me ultrapassava por completo.
Ao ver que ele não desenvolvia e não pretendia explicar o que se tinha passado, levantei-me, disposta a chamar um táxi e ausentar-me, para fugir a toda aquela situação.

- Ela é minha amiga! – A sua confissão, embora duvidosa, fizeram-me dar um passo atrás e encara-lo, disposta a ouvir a sua versão da história – Já nos conhecemos há muito tempo e ela agora está a viver em Paris.

Anuí, mostrando-me convencida, mas havia algo naquela história que não batia certo.

- E porque é que não me contaste que ias ter com ela? Está bem que eu não tenho nada a ver com a tua vida mas ao menos tinhas omitido essa informação, não achas?

- Achei melhor mentir-te, não me perguntes porquê… Peço imensa desculpas.

Embora o meu orgulho por ter sido enganada se sobrepusesse à minha compaixão, aquele pedido de desculpas pareceu-me sincero e arrependido e como eu nada tinha a ver com a sua vida, decidi pôr uma pedra sobre o assunto e enterrá-lo naquele momento, sem sequer questionar acerca do envelope que continuava às voltas na minha cabeça, pois o mais importante era conseguir uma boa relação com ele e isso estava a concretizar-se, lentamente, mas acreditava num futuro promissor.

- Estás desculpado – Ele encarou-me, com uma linha fina nos seus lábios denotando um tímido sorriso – Podes trazer a rapariga cá enquanto estiver na sessão fotográfica, estás à vontade.

Tentei mostrar-me receptiva em relação ao assunto, apesar de no me íntimo não lhe achar a mínima piada.

- Somos só amigos, Maria, a sério…

- Ok, ok. Sinceramente, não quero saber, estava só a sugerir – Esbocei-lhe um sorriso despreocupado e instintivo.

Ele ficou pensativo no sofá, enquanto acabei por ceder aos encantos de toda aquela comida disposta em cima da mesa e me sentei, saboreando-a.
**

- Peço imensa desculpa pelo atraso! – Entrei de rompante no closet do edifício onde ficava o escritório de Anne, onde já estavam concluídos os preparativos para se começar a produção, que seria numa mansão no centro da cidade.

Elas explicaram-me em que é que ia consistir aquela sessão fotográfica, que iria ser feita em tons coloridos, florais, com muitas marcas à mistura e em que o principal objectivo do catálogo era transmitir o clássico parisiense com um estilo um pouco mais moderno, mais adolescente. Quando vi os conjuntos escalonados para a sessão fiquei bastante agradada pois eram de extremo bom gosto. No entanto, a minha gripe parecia ter voltado ao activo depois de umas horas adormecida e eu começava agora a passar um pouco mal devido a isso. Comecei a sentir-me fraca e dorida, mas já tinha passado por situações do género e era nestas alturas em que tínhamos de demonstrar o nosso profissionalismo. John iria comigo e iria assistir à sessão, devido a ordens expressas do meu pai – que, como sempre, tinha de se meter em tudo!
Saímos do edifício em direcção à mansão, numa viagem que demorou cerca de meia hora e foi durante essa meia hora que o meu querido irmão me ligou, directamente de Portugal.

- Hello, honey! – Esbocei um sorriso enorme já que falar com ele era das poucas coisas que conseguia alegrar o meu dia.

- Então, princesa? Como estás? Já soube que foste a Paris – O tom festivo da sua voz fez notar o seu desejo de estar no meu lugar.

- E Paris está ainda mais bonito… Quase à tua altura!

Ambos nos rimos e, embora parecesse que tinha sido uma piada, não poderia nunca poupar elogios no que toca ao meu irmão. Liam é dos homens mais bonitos que alguma vez conheci e não por ser meu irmão mas sim porque os meus pais foram incrivelmente felizes na altura da sua criação. É moreno, tanto na cor da pele como do cabelo e os seus olhos castanhos rasgados contrastam na perfeição com a sua cara angulada – bem mais do que a minha – e o seu sorriso perfeitamente alinhado é de fazer derreter qualquer uma. Isto aliado a 1,87m de altura e um corpo perfeitamente esculpido, para não falar da barba sempre por fazer, já podem imaginar… É o paraíso de qualquer mulher. E pelas contas, já foram muitas as que passaram por ele, mas nenhuma numa relação séria e isso é o que mais me preocupa em relação a ele.

- Lá estás tu… - O seu riso desvaneceu-se e deu lugar a uma voz mais séria – Tenho um voo amanhã para Nova Iorque!

Dei um grito de satisfação instantâneo, deixando os seguranças que seguiam no carro estupefactos com tanto histerismo. Senti-me envergonhada ao perceber a figura que estava a fazer, mas caso eles soubesse que já não via o meu irmão há quase dois meses certamente iriam compreender.

- Eu parto hoje de madrugada para lá… Ai maninho, quero tanto ver-te!

- Como estão a correr as coisas aí?

- Vou agora fazer as fotos para o catálogo. É sempre bom viajar a Paris, mas em trabalho não é aquela coisa – Suspirei, pois sentia-me exausta.

- E o teu famoso segurança, está aí?

Ri-me com o seu comentário maldoso, mas a meu ver a situação estava a mudar para melhor e, como tal, aquele tom irónico já não fazia muito sentido para mim.

- Não, ele vai lá ter depois. Mas já me estou a dar melhor com ele, não te preocupes. Afinal, todos merecem uma segunda oportunidade para demonstrar o que valem, certo? – Uma grande parte de mim acreditava que John tinha algo de muito bom dentro dele, só ainda não tinha tempo de o evidenciar. E como sou uma pessoa de segundas, terceiras, quartas oportunidades, ia sempre tentar provar isso a mim própria.

Falámos durante mais uns instantes, até chegar à mansão e ser obrigada a desligar, pois tinha chegado a hora do trabalho. Vi John sair do carro do motorista francês e antes de entrar para dentro dos portões daquela enorme mansão estilo vitoriano, olhei-o, recebendo em troca um sorriso e um aceno, que me deixaram muito mais compenetrada.
**

Passei três horas naquele trabalho, sempre com avanços ou recuos, pois ou as fotos estavam torcidas ou mal tiradas ou defeituosas… Enfim, via o tempo passar, a minha vontade diminuir e a minha gripe aumentar para valores enormíssimos.
No fim e depois de já estar desmaquilhada e vestida, foram-me dadas a conhecer as fotos que fariam parte do catálogo e não pude deixar de reconhecer que o resultado poderia ter sido pior.

Estava demasiado infantil para aquilo a que estava habituada, mas esses tinham sido os requisitos e eu só tinha de ser versátil ao ponto de conseguir desempenhar o meu papel na perfeição. Recebi boas críticas por parte dos fotógrafos, que disseram que tinha superado as expectativas e que o resultado estava óptimo e, apesar de não estar totalmente convencida, saí de lá com sentido de dever cumprido.
Fui encontrar John encostado ao carro do motorista, que aguardava a postos para arrancar. Sentia-me cheia de calafrios, que despoletaram em mim um frio imenso apesar das temperaturas amenas e tudo o que queria era algo que me aquecesse naquele momento.

- Bom trabalho! – Ele sorriu-me, cordialmente, mas a minha disposição não me permitiu isso.

Cheguei perto dele a friccionar os meus braços de forma a obter calor corporal e assim que ele reparou nas minhas bochechas vermelhas, colocou imediatamente a sua mão macia na minha testa, para comprovar o seu receio. Despiu imediatamente o seu casaco, que tão bem lhe assentava e colocou-o sobre os meus ombros, envolvendo-me. Encaminhou-me para o carro e fez sinal ao motorista para me levar rapidamente para o hotel, na esperança de que o remédio que trazia sempre comigo solucionasse aquela maldita gripe. O meu estado de fraqueza só me permitiu fechar os olhos, embevecida com a preocupação que ele estava a denotar por mim e acabei por cair no descanso com o braço dele a envolver-me.

Horas mais tarde

A minha cabeça latejava, como se uma bomba relógio estivesse prestes a explodir no meu cérebro. Abri os olhos muito a custo devido à sua dureza e indolência e deparei-me com John deitado do meu lado, a dormir, com um ar angelical mas ao mesmo tempo esgotado. Tinha a sua mão por debaixo da almofada e as suas pernas estavam encolhidas pois todos os cobertores existentes naquela suite cobriam o meu corpo minúsculo. Afastei um cobertor e passei-lho por cima pois o facto de estar encolhido só demonstrava que estava fresco. Voltei a pousar a minha cabeça pesada na almofada – peso esse que era consequência do remédio que devia ter tomado (pois eu não me recordava de nada) – e fiquei a fitá-lo, cada traço do seu rosto adormecido mas perfeitamente visível. Pude constatar que ele tinha alguns arranhões aqui e ali, algumas marcas na pele que eu considerei serem derivadas do acto de barbear mas o que mais me cativou foram as suas pestanas volumosas, apesar da curta dimensão. A sua boca era fina mas era robusta e pequena e era, sem dúvida, o que eu considerava ser uma boca sexy. Aliás, todo ele era sexy, sempre o tinha achado, mas recusava-me a admiti-lo a mim própria.
À medida que examinava aqueles traços tão delineados e perfeitos, um sorriso embevecido tomou lugar na minha boca e na minha cabeça senti-me completamente protegida, como se naquele momento ninguém me pudesse tocar, ninguém me pudesse ferir. Esse era o lado bom do sentimento que começava a fluir. O lado mau era o próprio sentimento em si, sentimento esse ao qual eu fugia e evitava com todas as minhas forças, esquivando-me assim ao sofrimento adjacente a isso, que eu já tinha sentido na pele por uma única vez, mas que pareceu doer para o resto da minha vida. Era bem possível, senão muito provável ou mesmo verdade que eu me estivesse a apaixonar por ele. Por John… O meu segurança. Alguém que conhecia há pouco mais de uma semana. Alguém que parecia não dar o mínimo por mim. Alguém que já me tinha desapontado não uma, mas duas vezes, mas que continuava a puxar-me para ele como se tivesse alguma coisa aparentemente invisível que despoletasse em mim aquela atracção. Alguém que para mim era um completo mistério. Mas como o amor tanto fere quanto cura, há sempre uma esperança que nem eu deixei de ter.
Mas poderia chamar a isto amor?


Desde já, quero desejar a todos os meus leitores um feliz ano novo, cheio de saúde, pois é, sem dúvida, o mais importante.
Quero também pedir desculpa pelo tempo que demorei a postar um novo capítulo, mas como sabem, foi tempo de férias e aproveitei para descansar. 
Entretanto já começou a escola e vou deixar de postar com tanta regularidade, no entanto, vou tentar ao máximo não deixar passar muito tempo.
Espero que gostem de mais um capítulo :)
Maria *

2 comentários:

  1. Está fantástico! :D
    Está muito bom mesmo!
    Agora a história já está a ficar mais "quente" !
    Agora tens é de postar mais, eu sei que com a escola é complicado, mesmo para mim!
    Bem, beijinhos!

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  2. ADOREI!
    Está fantástico :)
    Quero ver no que isso vai dar, e quem era essa mulher, hum...
    Continua, vou esperar por mais!
    Beijinho
    Ana Sousa - http://respirarde23.blogspot.com

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