segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

VII

O aeroporto estava apinhado. Uma multidão de pessoas esperava pelos seus voos, aqui e ali, tornando aquele cenário numa visão assustadora.
Tinha acordado bem mais cedo que John e durante o tempo em que ele ficou a dormir, estiquei o cabelo e escolhi uma das minhas melhores roupas, com vista a chamar a sua atenção já que todas as mulheres gostam de ser notadas. Vesti uns skinny jeans de cintura subida, uma camisa vaporosa com padrão tigresa, calcei umas botas pretas de salto alto, mandadas por Olivia, que me chamaram bastante a atenção pela forma irregular e colmatei o conjunto com um casaco de malha azul-escuro. 
Senti-me incrivelmente vaidosa enquanto me olhava ao espelho, mas agora que tinha visto a indiferença de John, senti-me um caco. Estava a mostrar-se distante e nem sequer tinha perguntado se eu já estava melhor, apesar de a minha melhoria ser muito visível. Apenas me tinha dirigido algumas palavras e as suas constantes mudanças de humor começavam a dar-me dores de cabeça. Se umas vezes se mostrava muito prestável, outras vezes até me dava raiva e eu, sinceramente, já não estava a conseguir suportar isso. Enquanto esperávamos numa sala particular pela chamada de embarque, recebi uma chamada do meu querido pai, que me iria salvar do silêncio certo em que iríamos cair.

- Olá, pai! – A minha voz saiu seca pois o meu entusiasmo era nulo e eu sentia-me completamente exausta.

- Olá! Como estás? – Como sempre, aquela foi uma pergunta retórica pois ele nem me deu tempo de responder – Estou com a Sasha no teu apartamento. Vim deixá-la. O teu irmão chega daqui a pouco, vai ficar cá contigo.

- Pai, mais calma… - Aquela rapidez com que ele fornecia informações deixava a minha cabeça a andar à roda – Falas sempre tão rápido! O Liam está a chegar, é?

- Sim, ele já embarcou há quase duas horas, presumo que não demore… - Ele fez uma pausa para recuperar o fôlego. Pude notar que andava atarefado – Maria, antes que me esqueça, amanhã tens uma aula com o Garrett de manhã e depois tens a promoção do perfume da Vera Wang, sim? Já falei com a Olivia e ela já te foi…

- Pai! – Tive de interrompê-lo devido à minha incapacidade de processar informação tão rápido – Mais calma, fogo. E treino com o Garrett de manhã? Eh, pai, não podia arranjar outra hora? Estou exausta!

- Maria, não te podes relaxar agora. Eu também estou exausto mas não é por isso que vou relaxar.

Não consegui conter o riso com a sua afirmação. Afinal, ele é que quis o trabalho acima de tudo, apesar de eu continuar a insistir que outra pessoa deveria tomar o seu lugar.

- Pai, o que você tem feito não é nada fácil. Espero que agora esteja a reconsiderar arranjar outra pessoa para o seu lugar.

- Logo se vê… - A sua hesitação deu-me alguma esperança que ele fizesse o que eu achava ser o melhor – Como correu a estadia com o John? 

Olhei para John, encostado à grande vitrina com vista para as pistas, onde aviões descolavam a cada um minuto. Ele parecia alheio à nossa conversa mas eu recusava-me a acreditar que ele não estivesse minimamente interessado. Sabia que ia estar a mentir caso dissesse que tudo tinha corrido bem mas não era minha intenção dizer a verdade pois não queria prejudicá-lo e muito menos pôr o seu emprego em risco.

- Correu tudo bem pai.

A minha resposta foi vaga e muito dissimulada mas a minha sorte era que o meu pai mal me conhecia e não sabia reconhecer quando eu estava a mentir ou quando não queria falar sobre o assunto.

- Então isso significa que ele é de confiança, certo? Podemos contar com ele?

Agora percebia que a vinda dele comigo a Paris não tinha passado de um teste aos olhos do meu pai. Aqueles dois dias tinham servido para testar a sua competência e profissionalismo, que não tinham sido superados na minha opinião mas enquanto eu estava disposta a dar-lhe mais uma oportunidade, o meu pai certamente não estaria.

- Claro, pai. Podemos contar com ele – Tentei convencer-me a mim própria que John iria melhorar no que toca ao seu trabalho mas havia algo mais em mim que queria mantê-lo naquele cargo, não apenas para comprovar a minha teoria de que ele poderia melhorar mas também porque já não imaginaria outra pessoa no seu lugar.

Acabei por desligar uns segundos depois, desejando no meu íntimo que aquela viagem passasse rápido e que eu chegasse a casa e pudesse rever a minha linda Sasha e o meu querido irmão recém-chegado do meu país natal.
Embarcámos no avião meia hora depois e ficámos sentados lado a lado mas não achei que o silêncio fosse ser quebrado por parte dele. Ele manteve o olhar fixo na pequena janela oval do avião sem sequer me olhar e isso magoou-me mas mantive-me firme e encostei a cabeça no banco, disposta a adormecer e a descansar.

- Queres que peça um cobertor? – A voz dele alarmou-me, fazendo-me saltar do banco e olhá-lo, sobressaltada – Estás melhor?

- Muito melhor – Voltei a encostar-me, já refeita do susto que a sua voz provocou no meu quase sono.

- Mesmo assim, devias tapar-te.

“Agora já queres saber?”, pensei, indignada, mas remeti-me ao silêncio pois não queria levantar confusões. Tirei do suporte do banco em frente um cobertor polar que estava sempre ali guardado – sabia-o devido às centenas de viagens que já tinha feito por todo o Mundo – e cobri as minhas pernas com ele, num acto de obrigação, quase como se dissesse “Não me chateies!”. Mas isso não resultou pois ouvi um riso leve a ser abafado pela sua mão. Só de pensar que ele poderia estar a fazer pouco de mim libertou em mim uma pontada de raiva, que, como todos os sentimentos, estava habituada a reprimir e a atenuar até chegar a altura em que até a minha santa paciência irá rebentar.

- Estás a rir-te do quê? – Inquiri, lançando-lhe o olhar mais furioso que consegui.

Ele olhou-me e em vez de o meu olhar o intimidar, ainda o fez rir mais. Num acto involuntário, esmurrei-lhe o antebraço com toda a força que consegui e, como se de uma menina me tratasse, virei-lhe costas e aconcheguei-me para o lado contrário da sua presença.

- És tão menina… - Ele dirigiu-me esse comentário a rir-se, mas notei na sua voz um tom de reprovação, de reprimenda. Isso, mais do que o comentário em si, atingiu-me em cheio. Era uma menina, eu sabia-o, mas considerava-me uma menina independente e uma menina que nunca irá crescer pois o lado infantil sempre fará parte do meu ser. E, provavelmente, há muito poucas pessoas assim. Mas sendo tão conhecedora de mim, considerava isso uma vantagem e, naquele momento, só tive pena que ele não achasse o mesmo que eu.

**
- SASHA!!!

A minha linda e robusta cadela chow-chow veio aos saltinhos até mim, qual malandra. Agarrei-a com todas as minhas forças e aninhei-a no meu peito, afagando-lhe o pêlo creme com todo o carinho do Mundo. Ela é uma parte muito significativa da minha família, a minha única companhia vinte e quatro horas por dia e nada me custa mais do que ter de viajar e deixá-la sozinha em casa – pois o meu pai não pode ser considerado uma grande companhia. Encostado à parede da sala, de braços cruzados, Liam esperava. E, claro, esperava com todo aquele charme típico dele… E não imaginam como sentia saudades disso. Pus Sasha no chão, que saltitou até à porta para felicitar John e corri até ele, que abriu a boca num sorriso absolutamente perfeito e me abriu os braços, envolvendo-me num abraço carinhoso. Ele é, sem sombra de dúvidas, o homem da minha vida.

- Oh minha princesa! – Ele afagou-me o cabelo, levantando-me a escassos milímetros do chão e apertando-me com força – Que saudades tuas!

Dei-lhe um beijo sentido na face antes de ele me colocar no chão.

- Como está a mãe? – Apesar de tudo eu estava cheia de saudades dela.

- Está óptima! – Ele envolveu a minha face com ambas as mãos e puxou-me para si, beijando-me a testa – Não te preocupes com ela.

O nosso momento de convívio foi interrompido por um som de aviso por parte de John, que estava prostrado atrás de nós, com Sasha no colo.

- Ah – Afastei-me de Liam ao reparar na minha indelicadeza – Liam, este é o John, o meu segurança – Apontei para John, abrindo caminho para que se cumprimentassem.

Liam apertou-lhe a mão com firmeza, esboçando-lhe um sorriso cordial, mostrando a sua boa educação. Essa cordialidade foi correspondida por John, que também sorriu e se mostrou incrivelmente amigável. Quem me dera que ele fosse sempre assim comigo…

- Bem, John - Interferi no cumprimento dos dois, disposta a despachar John e a desejar-lhe uma boa noite, pois em Nova Iorque a madrugada só agora tinha começado – Obrigado por tudo. Estás dispensado – Fiz-lhe sinal para a porta, abrindo-lhe caminho para que ele saísse.

Ele olhou para mim, um pouco atordoado com a minha atitude brusca – que nem eu reconhecia em mim – mas limitou-se a anuir, desejando uma boa noite ao meu irmão e depois a mim. Segui atrás dele até à porta de saída e preparava-me para a fechar quando ele voltou para trás e olhou para mim, como se quisesse dizer-me algo.

- Passa-se alguma coisa? – Perguntei, tentando ser um pouco mais delicada.

- Hmm – Ele hesitou um pouco antes de falar e pude perceber que, na sua cabeça, algum trocadilho tinha sido feito, pois quando ele falou fiquei com a sensação de que ele não tinha dito o que realmente queria – Gostei muito da nossa estadia em Paris.

Olhei-o enternecida e, apesar de só querer mostrar a minha concordância, algo me impossibilitou de falar e confinei-me apenas a um leve aceno.
Voltei para o interior, onde Liam esperava, sentado no sofá a ver o canal de desporto na televisão. Como era possível os homens serem todos iguais? Essa constatação fez-me sorrir por dentro, de tão irónica que era. Sentei-me ao lado dele, pegando em Sasha e aninhando-a no meio de nós dois.

- O rapaz pareceu-me educado! – Ele quebrou o silêncio mas não tirou os olhos da televisão.

- É, muito educado – Revirei os olhos – Nem sei como podes.

- Ui! – Ele pegou no comando, colocando a emissão em pausa e olhou para mim – O que é que se passa maninha?

“Em cheio!”, pensei, ao mesmo tempo que tentei desviar o meu olhar do dele para não ser apanhada em flagrante.

- Ai, ai, ai, calma, calma, calma! – Ele parecia que tinha entrado em êxtase, como se tivesse acabado de ganhar a lotaria – Tu gostas dele!!

Abri os olhos em sinal de reprovação.

- Estás doido!!! – Franzi a testa e tentei mostrar-me o mais indignada que consegui e cheguei mesmo a pensar que a minha cara de indignação estava a resultar.

- Negação! – Ele tirou a emissão da pausa e voltou a colocar os olhos no visor, parecendo muito satisfeito com as suas conclusões infrutíferas. Mas será que não teriam mesmo fundamento? – É o primeiro sinal.

Revirei os olhos mais uma vez, completamente frustrada com o conhecimento que ele parecia deter a meu respeito. Eu sabia bem qual era o joguinho que ele estava a fazer, para que eu confessasse o meu interesse no meu segurança particular. Mas a verdade era que não havia interesse nenhum. Embora ele fosse bonito, charmoso, másculo, os nossos feitios eram irreversivelmente incompatíveis. Levei a mão à cabeça. Então era mesmo verdade: eu estava em negação.
**

Nessa noite não consegui pegar olho, apesar do meu cansaço se fazer sentir em cada parte do meu corpo. Tinha visto quase todos os minutos a passarem no meu relógio digital de cabeceira, durante toda a noite e apesar das minhas tentativas de adormecer, exigindo quase a mim própria que adormecesse, essas tentativas revelaram-se inúteis, chegando a levar-me ao choro compulsivo devido à minha frustração e estado de pânico. Acabei por ler um livro quase inteiro durante as horas em que não consegui pegar no sono. E, como muitas coisas na nossa vida, que só começam a concretizar-se no fim da linha, finalmente ganhei sono quando faltavam apenas quarenta e cinco minutos para a hora marcada para a minha aula de ginásio com o instrutor Garrett.
Dormi o tempo que me foi possível e acordei ainda mais exausta do que no dia anterior. Mas uma coisa boa no meio de tudo: a minha gripe parecia estar a curar-se. Vesti o meu fato de treino, apanhei o cabelo num rabo-de-cavalo bem repuxado e fui até à cozinha, onde encontrei Liam a preparar-me o pequeno-almoço, também ele vestido com calças de desporto.

- Bem, isto é que é recepção! – Aproximei-me dele e beijei-lhe a face, apontando depois para as calças de fato de treino – Também vens treinar, é?

- Sim. O pai disse que não havia problema.

Anuí, sentando-me em cima da bancada e trincando uma maçã que Liam tinha descascado para mim. Uma peça de fruta era sempre o que comia assim que acordava, seguindo-se umas torradas de pão integral com um galão com muito pouco café.

- O teu segurança veio aqui – Ele colocou as minhas torradas num tabuleiro e colocou-o em cima da mesa de jantar, seguindo-me com o olhar para ver a minha reacção – Convidei-o para vir connosco.

Arregalei os olhos, engolindo em seco e acabando por me engasgar. A tosse provocada por aquele engasgamento fez com que umas pequenas lágrimas saíssem dos meus olhos castanhos amendoados. Essa situação provocou em Liam uma comicidade que eu não consegui compreender.

- Porque é que foste fazer isso? – Perguntei, assim que me recompus, sentando-me à mesa para começar a minha primeira refeição do dia.

- Então maninha, ele também tem de se exercitar… - Ele deu um gole no seu descafeinado – Vá lá, não leves a mal.

Aquele cinismo dele dava-me a volta à cabeça. Não iria suportar as investidas dele em relação a John por muito mais tempo. Ele era incrível… Quando punha uma ideia na cabeça, só quando algo corria mal é que ele desistia dela.

- Não estou a acreditar Liam. Tu fizeste de propósito! – Fitei-o, tentando uma confissão que chegou através de um sorriso de troça.

- Olha… - Ele interrompeu a minha dentada na torrada, obrigando-me a olhá-lo – Vou ter de sair um pouco mais cedo do treino porque tenho um encontro com uns amigos.

- Com uns amigos? – Larguei a torrada, mostrando-me zangada – Não acredito que me vais deixar sozinha com ele!

- Encara isto como um favor, maninha…

Não consegui conter a minha incredulidade perante tamanho à vontade. E muito menos consegui conter o meu mau humor e acabei por não comer mais nada.
**

O treino acabou exactamente à hora de almoço e depois de tomar um banho rápido na casa de banho privada do ginásio, sentei-me na sala de espera à espera de John, que também tinha ido tomar um banho.
Garrett era um querido, uma pessoa com um espírito tão ou mais jovem que uma pessoa com vinte anos – apesar dos seus quase cinquenta e cinco anos – e tinha-me ajudado desde há dois anos para cá a manter a minha forma e a tonificar o meu corpo, que se tornou um pouco flácido depois de alguns meses sem fazer qualquer tipo de exercício físico e como a minha pele era muito elástica, surgiram os meus maiores pesadelos: estrias e celulite, que felizmente estavam a ser bem combatidos mas que ainda mostravam alguma resistência. Devido a isso, desperdicei uma proposta única de desfilar para a Victoria’s Secret e essa era a minha maior mágoa desde que exercia o trabalho de modelo. Agora estou no topo, o meu corpo está melhor que nunca, mas a oportunidade já passou e, provavelmente, não ia voltar atrás. Hugh sempre me disse: “Para consolidares a tua carreira a cem por cento, tens de ter obrigatoriamente duas coisas: uma capa da Sports Swimsuit e um contracto com a Victoria’s Secret”. Avaliando-me por isso, considerava que a minha carreira ainda estava a meio-gás.

- Vamos? – John saiu do balneário, exibindo umas calças de ganga simples, os ténis com que tinha feito o treino e uma t-shirt com desenhos que não consegui descodificar. E vinha lindo, como sempre.

Levantei-me, seguindo atrás dele até ao carro. Lancei um breve sorriso a Yana, a recepcionista do ginásio, antes de atravessar a porta e encaminhar-me até ao Audi A7 que esperava por nós.

- Queres conduzir? – Sentia-me exausta e não estava em condições de conduzir o carro, com medo que as pernas me faltassem. Se ao menos Liam não tivesse saído mais cedo, eu não teria de pedir a John… Passei-lhe as chaves para a mão e entrei no lugar do pendura, satisfeita com a acedência dele.

Assim que iniciamos caminho, liguei o rádio no meu canal preferido e foi com surpresa que percebi que estava a dar a música “A drop in the ocean” de Ron Pope, um êxito da actualidade e uma música que me tinha encantado. Ponderei se deveria mudar de canal, pois John poderia não achar piada a músicas lamechas como aquela, mas depois pensei que ele não teria de se importar com nada porque ele ali não tinha qualquer voto na matéria.

- Queres que vá passear a Sasha, quando chegarmos?

A sua amável disponibilidade surgiu mesmo no refrão da música, a minha parte preferida. Encarei-o, esboçando um sorriso cordial e anuí. Não queria ser abordada por pessoas indesejáveis naquela altura – por indesejáveis quero dizer jornalistas – e tudo o que mais me apetecia era esborrachar-me na cama e aninhar-me no conforto dos meus lençóis.
Paramos num semáforo vermelho e a música tinha acabado, pelo que, naquele momento via-me sem nada com o que me entreter.

- Já viste a revista OK! de ontem?

Abanei a cabeça, olhando para ele, curiosa.

- Devias ver…

- Porquê? – Aquele seu tom num misto de mistério e amargura fez-me pensar no que raio teriam inventado.

- Somos namorados na revista… - E ao dizer estas palavras, ele desatou a rir, como que se tivesse acabado de dizer a maior piada de todos os tempos.

- Ai sim? – Não iria mentir se dissesse que a ideia não me agradava, porque me agradava muito, mas não era correcto dizer-lhe isso. E a ideia em si também não era correcta, pois ele era meu segurança e era suposto que a nossa relação fosse apenas profissional para a eternidade, caso contrário, isso iria virar no maior escândalo do ano. Para o meu pai, principalmente… - Deixa-os falar, não estou minimamente preocupada – Tentei confortá-lo, para que não se martirizasse por isso.

- Inventaram tantas coisas que nem sei… - O semáforo assumiu a cor verde e ele arrancou com o carro – Só não quero que isso te dê… - Ele hesitou, preocupando-me com o que aí vinha – Sei lá… Ideias.

Não consegui dizer nada naquele instante, assomada por um conjunto de sentimentos complexos e distintos que me vieram à cabeça. Ele acabou por virar na bomba de gasolina para atestar o depósito do carro, já na reserva. Quando saiu do carro, enterrei a minha cabeça nas minhas mãos, completamente envergonhada com a situação que se tinha criado em nós, levando-o ao ponto de tentar descomprometer-se com coisas que nem sequer tinham acontecido, descartando por completo a mais ínfima hipótese de um dia os meus mais recentes desejos se puderem concretizar. Fiquei a observá-lo a atestar, alheio ao meu desconforto e embaraço em relação à posição que ele tinha acabado de marcar. 
Tentei recompor-me, manter-me calma e sobretudo mostrar-me desinteressada e nada ofendida com as suas declarações, caso contrário, os meus verdadeiros sentimentos (será que poderiam chamar-se isso?) iriam ser expostos. Passei-lhe o meu cartão de crédito, vendo-o afastar-se e voltar em minutos.

- Já está. Pus-te 60 dólares.

- Ok, obrigado – Ele passou-me o cartão e eu apressei-me a colocá-lo na minha carteira.

Tentei arranjar uma forma de abordar o assunto que tinha ficado pendente e só quando retomamos o caminho é que tive coragem suficiente para o fazer.

- Em relação ao que disseste… - Falei pausadamente, escolhendo bem as palavras – Não tens de ter problemas com isso. Sei bem os meus limites, o que devo e o que não devo fazer – Fui decidida e apesar de no meu íntimo as coisas não se passarem assim, a minha afirmação quase me convenceu a mim própria.

- Oh Maria… - A voz dele saiu amargurada e muito dissipada. Tirou os olhos da estrada e encarou-me, com os olhos azuis tão lívidos que se tornaram ainda mais bonitos – Acredita que tu nunca ias querer envolver-te comigo!

 Aqui vos deixo mais um capítulo (um pouco tardio) mas espero que gostem! 
Maria *






3 comentários:

  1. Gostei e muito! :D
    Aquela última frase do John deixou-me :o
    E a música Ron Pope - A drop in the ocean é linda, também gosto bastante, tal como gosto do "John" ( Zac Efron), está excelentemente bem escolhido, é lindo ele *.* E por acaso nunca pensei que fosse ele!
    Bem, está excelente! Queria era mais agora :D
    Beijo !

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  2. Ola
    Adorei!
    Realmente, esta ultima frase do John deixou-me cheia de curiosidade. Quero saber o que ele vai dizer!
    Realmente não estava à espera que fosse o Zac Efron, mas sim o Ian somerhalder.
    Agora o próximo *.*
    Beijinho
    Ana Sousa

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  3. Querida, tenho um desafio para ti no meu blog, passa por lá :P

    Beijinhos

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