domingo, 22 de janeiro de 2012

VIII


Tinha-se passado uma semana.
Uma semana que passou rapidamente, sempre na companhia do meu irmão e com presenças aqui e ali e ginásio todos os dias, o que tornou difícil aproveitar a sua companhia ao máximo. Ele iria voltar para Portugal amanhã, para junto da minha mãe (que já tinha voltado de Itália mas, mais uma vez, sem o namorado) e eu iria ficar ali, naquela enorme cidade, praticamente sozinha – ainda mais sozinha depois de saber que o meu pai iria ausentar-se em negócios com a sua firma de cosméticos, deixando Meg, antiga secretária de Hugh, temporariamente como minha manager. E tendo em conta que John andava a evitar-me, a semana que me esperava iria revelar-se extremamente complicada do ponto de vista emocional.
 “Ai, como me fazia falta um namorado”, pensei, enquanto me deliciava com o meu iogurte cremoso, enroscada nos meus cobertores polares e com Sasha do meu lado, a dormir que nem um anjo. Tentei entreter-me com a televisão e deixar de lado, durante uns instantes, a leve depressão que insistia a apoderar-se de mim, apesar da minha retaliação. Sentia-me realizada profissionalmente, mas no meu campo pessoal a minha vida estava uma lástima. Estava tão lastimável que muitas vezes dava por mim a chorar sem nenhuma razão aparente, não fosse John e a sua indiferença os principais suspeitos do meu estado. Depois daquela conversa no carro em que ele me tinha deixado um aviso – ou seria um conselho? – não voltámos a falar, apenas nos cumprimentávamos casualmente, quando surgia a oportunidade.

“A drop in the ocean, a change in the weather, I was praying that you and me might end up together. It's like wishing for rain as I stand in the desert, but I'm holding you closer than most, 'cause you are my heaven…” O meu telemóvel começou a vibrar e a tocar uma das minhas músicas preferidas e tive de esticar o braço para conseguir alcançá-lo, vendo no ecrã o nome de Meg e apressando-me a atender.

- Hello Meg – Esbocei um sorriso e fiz uma voz amigável.

- Boa-noite Maria! Posso dar-te uma palavrinha?

- Sim, sim, claro Meg – Liam já estava a dormir e eu estava tranquila, sem ninguém que me pudesse perturbar – Podes falar.

- Só queria dizer-te que recebi uma chamada de um senhor chamado Jon Kor… - Interrompi-a, pois percebi que iria ser complicado a pronunciação do nome de Jon e disse-lhe o seu apelido correctamente – Pronto, isso mesmo! – Ela largou um riso divertido – Esse senhor ligou para aqui e convidou-te formalmente para uma festa de máscaras na sua casa, amanhã à noite, em Manhattan. Devo dizer-lhe o quê?

- Ai sim? Que simpático da parte dele – Hesitei um pouco para pensar na minha agenda para o dia seguinte – Eu acho que não há problema se for, há? Não tenho nada agendado para amanhã, pois não?

- Tem a agenda limpa, menina.

- Ok, então pode ligar para o Jon e confirmar, Meg, por favor. Posso levar companhia? – Não tinha quem levar pois Liam já tinha coisas combinadas com uma amiga misteriosa mas a pergunta saiu-me quase por apatia.

- Sim, pode. O senhor até disse que podia levar o seu amigo John – Franzi a testa, surpreendida com aquela revelação mas fiquei completamente amedrontada com o facto de Meg associar a John a palavra “amigo”.

- Ah sim? Óptimo! – Tentei mostrar-me entusiasmada com tudo aquilo mas a verdade é que estava nervosa com aquela pressão sem intenção exercida por Jon – Obrigado Meg. Boa-noite.

Desliguei a chamada e lancei o telemóvel para o sofá, fazendo ricochete e caindo no chão, não me deixando absolutamente nada perturbada. Estava chateada com tudo aquilo que se estava a passar mas principalmente com a indiferença de John, que me tinha deixado de rastos nesta última semana. Como era óbvio não ia convidá-lo para a festa mas isso era tudo o que mais queria. Aconcheguei-me a Sasha e fiquei assim durante uns minutos, até o sono tomar conta de mim.
**

Liguei para Olivia assim que saí do ginásio. Ela mostrou-se atenciosa como sempre mas não pode satisfazer os meus pedidos: queria algo elaborado, digno de um baile de máscaras (como eu achava que todas as pessoas iam) mas devido ao curto tempo que ela tinha, ia tornar-se muito improvável arranjar algum vestido com os requisitos que eu pedi. No entanto, confiava no seu bom gosto e o que quer que fosse que ela trouxesse, era o que eu ia vestir.

- Então princesa? – Liam chegou perto de mim e envolveu-me num abraço ainda suado – Que carinha é essa?

- Oh, só agora é que me lembrei de ligar à Olivia para lhe pedir o vestido para hoje à noite e, pelos vistos, ela não vai conseguir arranjá-lo.

- Oh – Ele envolveu a minha cara no meio das suas mãos quentes – Tu vais linda de qualquer maneira, não te preocupes.

Anuí, tentando animar-me um pouco. Ficava assim quando algo não corria da forma que eu pretendia, mas isso era porque eu estava claramente mal habituada. Era só estalar os dedos e as coisas apareciam perfeitas.

- Eih, e o John? Nunca mais o vi! – Ele pegou na sua toalha e limpou a cara, que escorria por todos os lados – Está dispensado ou assim?

Abanei a cabeça.

- Não, só que como estás aqui, ele não precisa de andar sempre atrás de mim – Encolhi os ombros, denotando alguma mágoa na minha voz mas que esperava que Liam não tivesse notado.

Ele lançou-me um olhar interrogador, como que procurando alguma coisa nos meus olhos que não tivessem sido ditas. Já sabia que ele ia começar a disparar em todas as direcções assim que soubesse que eu estava sentida mas, para minha surpresa, ele não o fez.

Seguimos os dois para a casa de banho privada, onde tomámos um banho rápido alternadamente. Vesti uma roupa simples, já que iria directamente para casa: uma camisa com uma camisola de malha leve por cima e umas calças de ganga com umas sabrinas pretas, para poder andar confortável pelas ruas da cidade. 
- Vens? – Liam estava sentado no pequeno banco daquele cubículo agora quase a arder, devido ao vapor de água emitido. Mais um segundo ali e era o mesmo que não ter tomado banho.

- Hmm – Ele hesitou, ao mesmo tempo que pegava no telemóvel e mandava uma mensagem – Tenho umas coisas combinadas. Coisas rápidas – Tentei falar mas ele continuou – Uma hora e estou em casa.

Alardeei e lancei um olhar chateado.

- Passeio a Sasha quando chegar – Ele esboçou-me um daqueles sorrisos irresistíveis e acabei por ceder à sua chantagem, saindo com um sorriso nos lábios.

Acenei a Yana, que como sempre estava confinada ao balcão da recepção do ginásio e saí, com a minha mala de treino numa mão e a minha mala de dia noutra. Hoje o treino tinha sido puxado e senti-me completamente exausta, passando-me pela cabeça por momentos que o melhor mesmo seria desmarcar com Jon e ficar em casa a assistir a um filme para chorar e afogar as mágoas. Abri a porta do carro e comecei a colocar lá dentro a mala quando um carro que me era familiar estacionou mesmo ao meu lado. Tentei manter-me indiferente mas o meu corpo deu logo mostras do meu nervosismo. Desisti de ajeitar a mala no assento de trás e precipitei-me imediatamente para o lugar do condutor, desejando que ele não me tivesse visto. Mas já tinha sido tarde.

- Olá Maria – Ele aproximou-se do meu vidro, vendo-me obrigada a abri-lo.

- John! – Fiz a voz mais entusiasmada do mundo, mas só um cromo não percebia que estava a ser sarcástica – Então, está tudo bem?

- Sim, tudo óptimo!

Anuí, esboçando um sorriso do mais falso que me foi possível e liguei a ignição, disposta a deixar aquele local.

- Estás a fugir de mim, é? – Aquela pergunta saiu-lhe de repente e apanhou-me completamente desprevenida, deixando o meu coração a bater descompassadamente.

- Eu? – Ri-me baixinho mas mostrei o meu melhor tom de ironia – Claro que não! Porque haveria de fugir de ti?

- Fazes isso parecer a coisa mais estúpida do mundo! – “Claro que é a coisa mais estúpida do mundo”, pensei – É por isso que não acredito em ti.

Fitei-o, mostrando-me surpreendida com a sua perspicácia e persistência. O que é que lhe teria dado para vir falar comigo assim de repente?! Esta pergunta ecoou na minha cabeça mas seria uma pergunta sem resposta pois não pretendia fazê-la a John.

- Ouve, John… - Desliguei o motor do carro e tirei a chave da ignição com brusquidão, mostrando-me mais arreliada do que aquilo que queria transparecer – Passaste tanto tempo sem dizer nada, porquê agora? Tens algum problema comigo? Não percebo que mal é que te fiz pois a única coisa que sempre quis foi manter uma boa relação contigo e tu nunca deixaste que tal acontecesse… Só quando te apetece é que vens falar comigo? – Parei um pouco para respirar – Para mim, chega! Podes ir falar com o meu pai e pedir a demissão.

- És…

- Não, calma! – Arregalei os olhos, tentando fazer o meu melhor ar ameaçador, repreendendo-o pela ousadia da sua interrupção – Eu sei que nós nem sequer devíamos estar a ter este tipo de conversa, isto não é nada profissional, mas a verdade é que não aguento mais e isto é a primeira vez que me acontece – Mostrei toda a minha frustração, tudo aquilo que sentia em relação à nossa estranha ligação, que um dia estava bem e no dia a seguir estava virada do avesso. E por muito inconstante que fosse, não precisava de mais problemas do género para a minha vida já bastante atormentada.

- Maria… - Ele levantou a mão, como se pedisse permissão para falar – Posso?

Olhei para ele, completamente esbaforida depois daquele discurso sentido e não me sentia minimamente preparada para mais daquele assunto, que para mim, já estava mais que terminado. Fiz sinal afirmativo, disposta a ouvir o que ele tinha para dizer.

- És sempre assim tão precipitada? – Ele debruçou-se um pouco mais sobre a janela descida e sorriu, divertido.

- E tu ainda te ris? – Inquiri, incrédula com o que acabava de testemunhar – Não há nada de engraçado no que eu disse.

- Maria… - Ele agarrou no meu braço, que não parava de gesticular e aquele toque prendeu-me todos os músculos que se contraíram instantaneamente – Tens de ter mais calma. Eu sou teu segurança… Quer dizer, nós nem sequer somos amigos.

Aquele comentário deixou-me boquiaberta. Dentro da minha cabeça imaginava um sincero pedido de desculpas pelo seu comportamento instável ou uma verdadeira intenção de reverter a situação em que nos encontrávamos, para tornar o ambiente bem mais acessível entre nós. Mas não. Em vez disso, parecia que estava a gozar com a minha cara e eu não estava nada disposta a lidar com isso. Sacudi o braço de forma a libertá-lo da sua mão coberta de veias salientes que advinham do seu braço musculado e coloquei a chave na ignição, arrancando com o meu Audi de forma a não lhe dar hipótese de sequer respirar. Ainda tive oportunidade de olhar pelo retrovisor e vê-lo a cumprimentar o meu irmão que acabava de sair e, surpresa das surpresas, pareciam bastante amiguinhos na conversa que se seguiu. Virei a esquina, olhando uma última vez e fiquei surpreendidíssima quando vi que eles os dois ainda mantinham uma conversação.
**
- Uau, estás tão linda!

Liam bebia um copo de champanhe encostado ao balcão da cozinha quando me viu acabadinha de vestir, com o vestido púrpura que Olivia me tinha deixado e que não fazia bem o meu género, mas era, sem dúvida, um vestido muito bonito e também a minha única opção. 
- Gostas? – Rodei sobre mim própria, tentando mostrar-lhe o vestido sob todos os ângulos – Ideias da Olivia.

Ele pousou o copo em cima da bancada e caminhou até mim, com aquele seu jeito elegante, em perfeita sintonia com o fato de traços finos que ele envergava.

- Estás perfeita! – Pousou as suas mãos nos meus ombros despidos e beijou-me a testa – E a máscara?

Mostrei-lhe a máscara que albergava na minha mão direita, preta, com brilhantes e muito simples. Não queria exagerar no conjunto.

- Estás linda princesa! 

- Ainda bem – Sorri-lhe carinhosamente e calcei os sapatos Jimmy Choo, já utilizados várias vezes – Pena que sejas o único a dizer-me isso.

Ele sorriu mas pude perceber que ficou sentido com o meu comentário triste, vindo de alguém que tinha sérios problemas na sua inexistente vida amorosa.

- Ah, já agora… - Ele voltou a agarrar no copo, dando-lhe um gole leve e sentou-se no sofá, aconchegando Sasha no seu colo – Vou ter companhia esta noite e gostava de saber se não te importavas que a trouxesse para aqui…

Ele hesitou no final do seu pedido, claramente com medo da minha reacção. Repreendi-o com o olhar mas acabei por anuir pois não queria fazer-lhe tal desfeita. Levantei-me, pronta a ir buscar o meu clutch mas vacilei quando o som da companhia se fez ouvir. Olhei para Liam, esperando que fosse a sua convidada mas ele encolheu os ombros, esclarecendo-me. Apressei-me até à janela, procurando por jornalistas que pudessem ter entrado dentro do prédio mas não havia sinal de nenhuma agitação suspeita do lado de fora.

- Era nestas alturas que um daqueles óculos de ver o lado de fora fazia falta – Praguejei, ao mesmo tempo que em encaminhei a passos largos para a porta, abrindo-a.

- John?

Arregalei os olhos, completamente surpreendida. John estava prostrado à minha frente, com um fato de corte fino que me pareceu ser Hugo Boss e que lhe assentava na perfeição – aliás, parecia que tinha sido feito especialmente para ele. Na mão direita trazia uma máscara muito simples e discreta, a condizer com o seu conjunto. Rodei a cabeça e olhei para Liam, que se ria baixo e divertido, bebendo o seu champanhe e olhando a televisão. E foi aí que um clique se fez na minha cabeça e que percebi que aquilo tudo não passava de uma invenção dele. Respirei fundo, tentando controlar os meus instintos que me impeliam a chegar perto dele e desonrá-lo de tudo e olhei para John, que me pareceu realmente nervoso: não parava de ajeitar a gravata e o cabelo.

- Que surpresa! – Não fui entusiasta, limitei-me apenas a constatar a sua presença.

- Recebi uma chamada do Jon…

- Ah foi? – Não o deixei terminar e lancei-lhe um sorriso de desdém, antes de voltar a minha voz para Liam – Liam eu sei que tu é que estás por detrás disto!!

Ele levou as suas mãos à cabeça, como se alegasse pela sua inocência.

- Eu?

- Seu estúpido! – Peguei no meu clutch e saí porta fora, tentando evitar que as minhas acusações se tornassem bem piores.

Arrepanhei o meu vestido e segurei-o com a mão esquerda, pois não queria rasgá-lo no caminho até lá a baixo. Entrei no elevador e marquei o piso -1, que dava acesso às garagens e onde o Audi A7 “nos” esperava. As portas deram sinal de fecho e pensei mesmo que John não iria apanhar o mesmo elevador. Engano! Quando as portas já se estavam mesmo a encostar, um braço surgiu do lado de fora, fazendo-as vacilar como se fossem contra um muro e empurrando-as, afastou-as por completo, entrando naquele quadrado minúsculo. Ele carregou no botão onde eu anteriormente tinha carregado e ajeitou o seu fato, mostrando-se bastante preocupado no que toca à sua aparência.

- A gravata está mal apertada – Quebrei ao silêncio ao constatar esse facto. Ele fitou-me e depois olhou logo para o espelho que cobria uma das paredes do quadrado de metal, tentando consertar o emaranhado de nós daquela gravata.

- Mas o que é isto? – Ele praguejou, quase a entrar em desespero.

- Deixa-me ver! – Pelo seu olhar, acho que ficou surpreso com a minha atitude mas assim que me viu aproximar, levantou um pouco o queixo de forma a deixar-me ver. O emaranhado de nós que para ali iam eram bastante fáceis de resolver comparativamente com o seu cheiro arrebatador, agora ainda mais forte, devido à proximidade a que me encontrava do seu pescoço. Era um cheiro tão intenso que era capaz de compelir qualquer pessoa. E o pior de tudo era que só dava vontade de cheirar mais, mais e mais. Durante uns segundos, mexi na gravata mas as voltas que estava a dar não faziam qualquer sentido tendo em conta que eu estava completamente inebriada pelo seu cheiro. Só quando o elevador se abriu, dando-nos uma vista completa sobre toda a garagem é que voltei a cair em mim e me apressei a ajeitar o seu nó, atando-o de novo. – Pronto! – Deixei cair as minhas mãos sobre o seu peito e os meus dedos percorreram toda a extensão do seu colarinho, até chegarem aos botões.

- Hm, hm!

Um som de aviso de presença ecoou no elevador, o que me fez dar um salto enorme para trás, voltando a encostar-me à parede de onde nunca deveria ter saído.

- Dona Elise! – Olhei-a, petrificada, à medida que ela pegava nos seus sacos de compras e entrava no elevador.

Elise Donovan é a minha vizinha do lado desde o dia em que me mudei para Nova Iorque. É uma senhora já com alguma idade, viúva, que vive a sua vida humilde à custa do rendimento da sua reforma quase milionária derivada da música “All I want for Christmas is you”, escrita por ela. Ou seja, todos os direitos da música são praticamente seus por direito e também por lei. É uma senhora afável, sempre disposta a ajudar apesar de ter uma pequena (grande) tendência para se envolver em assuntos pessoais que não lhe dizem respeito e, como é normal em casos desses, a vida de todas as pessoas daquele prédio passam pelas suas mãos, indirectamente.

- Olha, o novo inquilino! – Ele fez um sorriso amigável a John, que retribuiu – Pensei que era seu segurança, menina Maria…

- E é! – Apressei-me a dizer, antes que aquela constatação atingisse áreas imaginárias da sua mente – Só isso, Dona Elise!

Lancei-lhe um sorriso atrapalhado e, apanhando o meu vestido, saí a passos largos do elevador, seguida de John, que parecia bastante divertido com a situação embaraçosa que tínhamos acabado de passar. Depois daquilo, não iria chegar perto dele durante toda a noite. Mas nem eu, nos mais profundos recantos do meu pensamento, sabia o que estava para vir…

3 comentários:

  1. Ai Maria, gosto tanto *.*
    Cada vez gosto mais desta história!
    Raio da conversa com o John que não tem meio nem fim. Quero saber o que se anda a passar na cabeça dele :P
    Continua com o teu bom trabalho querida, está óptimo.
    Beijinhos, Ana Sousa

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  2. Epá, adorei mesmo! Está muito bom :D
    Continua!
    BEijo!

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